Biografia

O Beato Tito Brandsma nasceu na Holanda em 1881, no seio de uma família de seis filhos. Cinco desses irmãos abraçaram a Vida Religiosa. Tito, dos onze aos dezessete anos foi educado num colégio franciscano, pois a sua família era de tradição franciscana.

 Por esta lógica familiar, o jovem Brandsma deveria ter seguido a linha franciscana, mas, apesar de tudo, os planos de Deus são outros. Aos 17 anos, Tito deseja conhecer outras espiritualidades de outras Ordens Religiosas. Um seu professor franciscano sugere-lhe os Jesuítas.

A Ordem do Carmo era quase desconhecida na Holanda. Vindo, por mero acaso, a ouvir falar da Ordem de Maria, o Carmo, começou entusiasmado a estudar o carisma do Carmelo. Decidiu-se. Seria carmelita. A grande devoção a Nossa Senhora atraiu-o. Via na invocação da Virgem da Montanha do Carmo a invocação mariana mais bíblica.

Quando comunicou a seus pais a sua decisão estes ficaram verdadeiramente desconcertados pela troca dos franciscanos por uma Ordem tão pouco conhecida. Mas a resposta de Tito foi pronta: «Fascina-me o espírito do Carmo!»

A esta declaração acrescentará mais tarde:
«A espiritualidade do Carmo, que é vida de oração e terna devoção a Maria, levaram-me à feliz decisão de abraçar esta vida»..
Professou em 1899, e foi ordenado sacerdote em 1905, vindo a doutorar-se em Filosofia, em Roma. Foi professor, jornalista e homem dedicado à espiritualidade. Fundou escolas, liceus e bibliotecas públicas. Foi fundador e primeiro Reitor da Universidade Católica de Nimega. Foi jornalista profissional, sendo nomeado Conselheiro Eclesiástico dos jornalistas holandeses, em 1935.

Antes e durante a ocupação Nazi da Holanda, lutou com fidelidade ao Evangelho, contra a difusão da ideologia Nacional Socialista, defendendo a liberdade de pensamento, da educação nas escolas e de expressão na imprensa católica e pelos direitos dos judeus. Por esta razão foi preso passando o resto da sua vida num calvário de prisões e campos de concentração. Por fim, foi levado para o campo de concentração de Dachau onde no meio dos mais horrorosos sofrimentos e humilhações foi assassinado com uma injeção de ácido fénico, no dia 26 de Julho de 1942.

Frei Tito é patrimônio da humanidade pela sua cultura invulgar, pelo seu ecumenismo, e pela defesa dos direitos humanos e da liberdade de consciência. Em vida era tão conhecido na Holanda que quando lhe escreviam, bastava colocar na carta o seu nome, Tito Brandsma, para as cartas lhe chegarem onde quer que estivesse. O Papa João XXIII lendo a vida de Frei Tito declarou:
«A vida deste carmelita holandês não me deixou dormir durante toda a noite, pois a sua leitura era tão emocionante que não parei de ler enquanto não terminei».

O seu grande amor ao próximo fizeram-no testemunha sem medo da verdade, da liberdade, e do direito. Grande devoto e conhecedor de Santa Teresa de Jesus e de S. João da Cruz, foram chamados, como S. João da Cruz, «Cantor de Maria».

Com os protestantes falava da maternidade divina de Nossa Senhora. Celebrava todas as festas de Maria, sobretudo a de Nossa Senhora do Carmo com grande alegria e solenidade e, sempre falava da Virgem Mãe. Costumava repetir muitas vezes: «Maria é a nossa vocação de carmelitas!»

Vestia sempre com muito amor o hábito do Carmo e gostava muito de pôr a capa branca do mesmo. E quando alguém lhe disse:
«Eu pensava que os carmelitas eram homens que se escondiam, mas a si vê-mo-lo em toda a parte com o hábito e capa branca», respondeu sorrindo: «amigo, não fiques estranhado só porque eu gosto de usar o hábito e a capa branca, pois são sinal da proteção de Nossa Senhora. E tenho a certeza absoluta da sua ajuda maternal».

Traduziu para o flamengo, língua da Holanda, as Obras da Santa Madre Teresa de Jesus e muitas vezes falou e escreveu acerca de Nosso Pai S. João da Cruz. Já no cárcere, sem ter nenhuma imagem de Nossa Senhora, e dizendo que a imagem de Maria é obrigatória na cela de todos os carmelitas, mantinha, dia e noite, o breviário aberto na página em que tinha uma pintura de Nossa Senhora do Carmo.

No campo de concentração tinha sempre palavras de doçura para os guardas a quem consolava e animava, ao passo que infundia serenidade e fortaleza a todos os prisioneiros com quem repartia a sua escassa ração de alimentos. A todos perdoou e a todos amou até ao fim, mesmo aos seus perseguidores.

No dia 16 de Julho de 1942, dez dias antes do seu holocausto, celebrou com grande júbilo a festa de Nossa Senhora do Carmo, abraçando e animando todos os carmelitas. Neste dia recebeu a Profissão de um carmelita secular, o sacerdote diocesano polaco Tadeo Zielinski.


Falava a todos de Maria, a formosura do Carmo, até ao momento de ser levado por ela, nos seus doces braços de mãe, ao seio de Deus."
Bem-Aventurado Tito Brandsma, rogai por nós!